Então! Passada a Páscoa, pode-se avançar. Este ano, foi a festa dos semblantes. Tudo caiu num local ao mesmo tempo. É raro! As Páscoas judia, ortodoxa, católica ocorreram na mesma semana, ou quase. Pôde-se crer no diálogo ecumênico. Em todo caso, houve feriado ecumênico aqui e ali, no vasto conjunto da AMP.
Foi também a festa do sintoma ecumênico. Ouvimos um franciscano evocar o Shoah em uma estranha tentativa de identificação. Ele foi imediatamente desmentido por um porta-voz oficial do Vaticano. Não foi a boa comparação para os sofrimentos atuais da Igreja.
Aprendemos, ao mesmo tempo, que a hot-line instituída na Alemanha para recolher denúncias por abuso sexual por parte de padres, implodiu o primeiro dia, com mais de 4.000 chamadas. Como preservar os semblantes sob o assalto do sinthoma? É preciso ou não, destituir do hábito, os fomentadores? Até onde se estende a dignidade da função? Eis aí, questões surpreendentes que assaltam os mais altos responsáveis dos semblantes que nos governam.
Do lado do mercado, a situação não é melhor. Escândalos financeiros e uma enormidade de bônus fazem vacilar os semblantes da regulação. Na política, a batalha da jugular que se prepara para as eleições inglesas dá lugar a estranhos escândalos. E isso sem falar dos bizarros complôs sobre o desvelamento da privacidade do presidente e da primeira dama. No discurso estabelecido, o binário semblantes-sinthoma é claramente antinômico pelos tempos que correm. A solução que grita o rumor é, em todo canto, a mesma: mehr glasnost, mais transparência. Scanners corporais para todo mundo, incluindo o Papa. O mais-de-gozar democrático se torna insistente. Gérard Wajcman bem o disse. É o instante do olho absoluto. É isso que nos torna loucos. Nós, que somos tolos do discurso analítico, somos os dissidentes do olho absoluto. Fazemos judô com a tirania da transparência. Sabemos que são fundos, o sinthoma não pode vir plenamente à luz. É preciso deixar sua parte de sombra.
Não há melhor momento, então, para nosso congresso sobre os semblantes e o sinthoma. Mas, qual é o programa? Agora, é o instante de ver. Começamos hoje, a revelar o que nos espera. Isso não vai parar até a véspera do dito Congresso.
Hoje, nós lhes damos o programa da manhã do terceiro dia. A lista dos que vão apresentar um caso clínico na quarta de manhã, não poupando sua implicação no caso. O seguinte, amanhã.
Até amanhã
Eric Laurent, 6 de abril de 2010
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Os 36 trabalhos selecionados para a manhã clínica de 28 de abril de 2010
1- Abello, Eduardo. El padre y lo ridiculo.
2- Accarini, Irene Leonor. La palabra entre semblante y sinthome.
3- Alvarenga, Elisa. A falo como semblante para um homem.
4- Arpin, Dalila. Faire de l’autre le point de mire.
5- Béraud, Anne. Jouissance féminine et sinthome.
6- Bonnaud, Hélène. Conception, semblant et sinthome.
7- Castellanos de Marcos, Santiago. El ilusionista.
8- Charraud, Nathalie. Du rond de ficelle au trèfle.
9- Chiriaco, Sonia. Le bruit des talons.
10- Deltombe, Hélène. Du symptôme au sinthome.
11- Drummond, Chistina. Crer no corpo.
12- Fajnwaks, Fabian. La restauratrice
13- Ferretti, Maria Cecilia Galletti. Tudo é protocolo.
14- Focchi, Marco. « Tutto ma questo no ! »
15- Francesconi, Paola. L’insulto como Partner.
16- Freda de, Damasia Amadeo. Del maltrato al amor.
17- Ganivet-Poumellec Anne. Un compte à rebours.
18- Gayard, Sophie. Fermer les yeux.
19- Georges, Nathalie. Le procès verbal.
20- Goya, Amanda. Cuando un semblante se queda corto.
21- Horne Reinoso, Victoria. Garder la main.
22- Jude, Nicolas. « Je suis borderline ».
23- Kuperwajs, Irene. La « intacta ».
24- Luka, Adriana. « Yo no pertenezco a ese club ».
25- Mandil, Ram. Corpo : semblantes e sinthoma.
26- Mauas, Marco. La histeria no es teatro.
27- Meut, Catherine. Un travail sur le désastre.
28- Naveau, Pierre. L’Européenne et son pari.
29- Perez, Juan Fernando. Un síntoma, mis semblantes y mi encuentro con el psicoanálisis
30- Quenardel, Claude. « Faire homme ».
31- Recalde, Marina. Un-padre, un uso possible del semblante.
32- Rossi, Liliana. Del fracaso del semblante al sinthoma.
33- Ruda, Marcela. El entierro del clown.
34- Sinatra, Ernesto. Un analisis cientifico.
35- Souto, Simone. Um jeito para o sinthoma.
36- Vander Vennet, Luc. Une homosexualité féminine entre parenthèses.
Tradução: Maria Cristina Maia Fernandes |